quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Edital LACM 2013

Edital da liga acadêmica de clínica médica – ANO 2013

Objetivo
Valorização da Clínica Médica aplicada e resgate da anamnese e do exame físico como principais ferramentas diagnósticas do médico.

Atividades a serem realizadas:
§  Atividades práticas ambulatoriais e de pronto-socorro.
§  Reuniões mensais dos ligantes para compartilhamento de experiências e estruturação contínua da LACM.
§  Confecção (por cada aluno e plantão) de um breve texto que transmita algum aprendizado obtido durante a atividade exercida.

Alunos elegíveis
Atuais alunos dos anos: 3, 4 e 5.

Número total de vagas
20 vagas.

Distribuição
Duplas definidas no início do ano.

Número de plantões
São dois rodízios simultâneos de duplas: dias úteis e finais de semana.

Horário
Dias úteis: 19 – 23h.
Finais de semana: horário a ser definido.

Período de atividades
Início: fevereiro/2013.
Térmico: novembro/2013.

Coordenador Geral
Dr. Fabiano Schwingel


domingo, 4 de novembro de 2012

Insuficiência Cardíaca de Alto Débito


Conceitualmente, insuficiência cardíaca de alto débito é quando sinais e sintomas ocorrem na vigência de um débito cardíaco aumentado (volume minuto >8L/min ou um índice cardíaco > 3,9L/min/m2). Um estado de alto débito persistente pode estar associado à dilatação ventricular e/ou hipertrofia, taquicardia persistente e anormalidades valvulares funcionais, todos podendo culminar em insuficiência cardíaca.

As duas rotas possíveis para a redução da RVP são:
- Vasodilatação: anemia crônica, hipercapnia crônica, tireotoxicose, sepse, Beribéri, gestação, doença hepática e síndrome carcinoide.
- Shunt arterio-venoso: fístula arterio-venosa sistêmica, doença de Paget, mieloma múltiplo, doença de Albright, doença hepática e síndrome carcinoide.

Ambos os cenários podem causar uma queda na pressão arterial sistêmica (baixo DC) levando a ativação simpática, com aumento compensatório do DC e ativação neuro-hormonal (incluindo o sistema renina-angiotensina-aldosterona e vasopressina). Esse processo causa retenção de sal e água e insuficiência cardíaca clínica.

Ao se suspeitar de insuficiência cardíaca, baseado em história, sinais e sintomas, eletrocardiograma, radiografia de tórax e peptídeos natriuréticos, pode-se realizar a seguinte diferenciação:

IC de alto débito
IC de baixo débito
Periferia quente
Periferia fria
Preservação da função ventricular esquerda
Disfunção ventricular esquerda
DC > 8L/min
DC <4L/min
SvO2 > 70-75%
SvO2 <65%
Etiologia consistente com DC elevado
Etiologia consistente com DC baixo

Doença valvar significante

Esta condição, embora rara, é muitas vezes associada a uma etiologia potencialmente corrigível. Na ausência de uma causa remediável, as opções terapêuticas são muito limitadas, mas inclui a restrição dietética de sal e água, combinada à utilização criteriosa de diuréticos. A utilização de terapias convencionais para a insuficiência cardíaca, tais como os iECA, bloqueadores do receptor de angiotensina e certos b-bloqueadores com propriedades vasodilatadoras, deverá reduzir ainda mais a resistência vascular sistêmica, resultando na deterioração do quadro.

Algumas drogas vasoconstritoras adrenérgicas intravenosas estão disponíveis (noradrenalina, efedrina, metaraminol e fenilefrina) e podem ser usadas como adjuvantes a curto prazo. Intervenção respiratória com PEEP elevada para edema pulmonar resistente também pode ser útil.

Laís Janeczko
Acadêmica de Medicina (4° ano)

domingo, 21 de outubro de 2012

Disartria


Disartria (anartria, quando completamente ininteligível) é um distúrbio motor da articulação que não envolve disfunção das áreas corticais responsáveis pela linguagem, de forma que compreensão, leitura e escrita permanecem intactas.

Quando produzida por acometimento da inervação dos músculos bulbares por neurônios motores inferiores (“paralisia bulbar”), ocorre fraqueza palatal, escape de ar pelo nariz e hipernasalidade da fala. A má pronúncia pode ser agravada por paresia da língua acompanhada de fasciculação. Causas incluem esclerose lateral amiotrófica, síndrome pós-pólio, miastenia gravis, polimiosite e dermatomiosite.

A disartria de neurônio motor superior (espástica) é produzida por uma “paralisia pseudobulbar” e resulta numa pronúncia árdua e lenta. Pode ser causada por envolvimento bilateral do córtex ou vias descendentes

Disartria cerebelar apresenta-se como uma fala semelhante à que resulta da intoxicação por álcool associada a uma incapacidade de modular adequadamente seu ritmo e sua intensidade. Pode ser causada por dano focal ao vermis. Doenças que geram dano cerebelar incluem esclerose múltipla, degeneração cerebelar paraneoplásica, hipotireoidismo, deficiência de vitamina E e doença celíaca.
Doenças extrapiramidais (i.e., dos gânglios da base) têm apresentações distintas – podem ser hipocinéticas ou hipercinéticas. Na doença de Parkinson, caracterizada por alentecimento dos movimentos e rigidez, a fala é hipocinética; o suporte respiratório, inadequado; as frases, lentas e monótonas ou rápidas e curtas. Disartria hipercinética pode resultar de coréia, discinesia orofacial e atetose. Neste tipo, há um discurso irregular devido a um excesso de movimentos involuntários.

Rafael Araujo Iizuka
Acadêmico de Medicina (4° ano)


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Intoxicação por Digoxina


A intoxicação por digitálicos acaba sendo um evento não raro, devido a proximidade entre a dose terapêutica e a dose tóxica. Nos idosos acaba sendo ainda mais frequente devido ao fato da digoxina ter uma meia vida maior, de 4 a 6 dias. As manifestações clínicas comuns desse quadro são: náuseas, vômitos, alucinações visuais, confusão mental, vertigens, insônia, dor abdominal e diarreia. Este diagnóstico deve sempre ser cuidadosamente pesquisado em pacientes que fazem o uso dessa medicação.

Doses tóxicas de digoxina podem acarretar graves arritmias, devido seu mecanismos de ação que age inibindo a bomba Na+/K+ ATPase,  e assim inibindo o gradiente de concentração do processo de difusão facilitada Na+/Ca++, com aumento de Ca++ intracelular. Os digitálicos podem ainda, através de um estímulo vagal ou no nó aurículo-ventricular (AV), agir promovendo um efeito cronotrópico negativo.

A arritmia é decorrente da intoxicação, que pode ter sido causada pelo uso concomitante de furosemida, fazendo uma depleção do potássio. Níveis elevados de digoxina aumentam o cálcio intracelular que pode levar a arritmias pós-potenciais tardios. A intoxicação pode cursar tanto com taquiarritmias como com bradiarritmias (devido ao predomínio de um dos dois mecanismos de ação explicados acima), a taquicardia atrial pode estar presente devido a um automatismo atrial criado pelo bloqueio AV.

Algumas das arritmias que podem ser observadas no ECG são: taquicardia atrial, fibrilação atrial e flutter atrial, bloqueio AV de segundo grau, taquicardia juncional, extrassístole ventricular, taquicardia e fibrilação ventricular. Um achado frequente são as alterações na repolarização que aparecem como inversão da onda T, comumente chamada de onda T em colher de pedreiro.



Carolini Cristina Valle
Acadêmica de Medicina (4° ano)


domingo, 30 de setembro de 2012

Critérios diagnósticos do Delirium


O diagnóstico de delirium, uma síndrome clínica caracterizada pelo distúrbio agudo da atenção e da função cognitiva, pode ser baseado em dois métodos de avaliação: (1) DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) e; (2) MAC (Manual de Avaliação da Confusão).

Critérios do DSM-IV:
A.      Perturbação da consciência (exemplo: clareza reduzida da percepção do ambiente) com capacidade reduzida de focalizar, sustentar ou mudar a atenção.
B.       Uma alteração na cognição (exemplo: déficit de memória, desorientação, perturbação da linguagem) ou desenvolvimento de uma perturbação perceptual que não é explicada por demência preexistente, estabelecida ou evolutiva.
C.       A perturbação se desenvolve ao longe de um curto período (usualmente horas a dias) e tende a flutuar no decurso do dia.
D.      Evidência obtida a partir de histórico, exame físico ou achados laboratoriais indica que a perturbação é causada pelas consequências fisiológicas diretas de uma condição clínica geral.


Algoritmo Diagnóstico MAC:
Característica 1. Início agudo e evolução flutuante: informação usualmente obtida de um membro da família ou enfermeira e é mostrada por respostas positivas às seguintes perguntas:
o    Há evidência de alteração aguda no estado mental em relação ao nível básico do paciente?
o    O comportamento (anormal) flutuou durante o dia, isto é, tende a ir e vir, ou aumentar e diminuir em gravidade?

Característica 2. Inatenção: mostrada por uma resposta positiva à seguinte pergunta:
o    O paciente teve dificuldade para focalizar atenção, por exemplo, sendo facilmente distraído ou tendo dificuldade para acompanhar o que estava sendo dito?

Característica 3. Pensamento desorganizado: mostrada por uma resposta positiva à seguinte pergunta:
o    O pensamento do paciente estava desorganizado ou incoerente, tal como conversação errante ou irrelevante, fluxo de ideias não claro, ilógico ou imprevisível e mudanças de assunto?

Característica 4. Nível alterado de consciência: mostrada por qualquer resposta outra que não “alerta” à seguinte pergunta:
o    Como você classificaria o nível de consciência deste paciente no geral: alerta (normal), vigilante (hipoalerta), letárgico (sonolento, facilmente acordado), estupor (difícil de acordar) ou coma (não acorda)?

Definição algorítmica: para fechar diagnóstico de Delirium, segundo o MAC, é necessário a presença das características 1 e 2 OU 3 e 4.

Ana Paula da Silva Maganhoto
Acadêmica de Medicina (4° ano)


quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Curso Intensivo: ECG em 7 passos


Os dias de hoje seguem uma modalidade evolutiva: ver vem antes de ler.Se é assim, antes de mais nada, veja o vídeo abaixo:

Veja o vídeo explicando o método: http://www.youtube.com/watch?v=dDWe_clgkvI
Evento no Facebook (com mais informações e atualizações diárias): http://www.facebook.com/events/437455492963757/

CURSO: ECG em 7 passos.

Ressalva 1: É importante frisar que não necessário ter passado pela cadeira de Cardiologia para aproveitar integralmente o curso proposto, portanto não desanime, go ahead.

Este método de ensino, premiado em âmbito nacional, já treinou mais de 1000 alunos e tem como ponto chave a constante interatividade permitida pela interface digital. Além disso, primou-se por desenvolver cada detalhe exclusivamente para a eficiência no ensino do ECG.

Método do curso:
Abordagem com base no método inédito “FRESABI”. Aborda-se de forma prática e didática os 7 passos para a interpretação do Eletrocardiograma.

Assuntos:
- Eletrofisiologia cardíaca;
- Frequência cardíaca;
- Eixo cardíaco;
- Ritmo;
- Sobrecargas atriais e ventriculares,
- Arritmias;
- Bloqueios átrio-ventriculares e ventriculares;
- Infarto e isquemia;
- Distúrbios do potássio.

Local do Curso:
Auditório Centro Hospitalar Unimed
R. Orestes Guimarães, 905 - Centro
Joinville/SC

Data
Serão dois dias de treinamento:
Dia 15/09 (sábado), das 8 às 17 h (com intervalo para o almoço);
E dia 16/09 (domingo) das 8 às 12 h.

* Destaca-se que no dia 16 (domingo) ocorrerá uma revisão geral com análise de traçados eletrocardiográficos.

PERGUNTAS ESCLARECEDORAS
Haverá certificação?
Sim! Serão entregues no local após a conclusão do curso.

E material didático, tem?
Sim! E já está incluso no pacote de inscrição!


Preciso ter tido a cadeira de Cardiologia para aproveitar o curso?

De modo algum. 

E se eu esquecer tudo quando acabar o curso?
Não se aflija! Estarão disponíveis na internet 7 aulas de revisão nas semanas subsequentes, para que você relembrar a aplicação do método ensinado.

Quantas vagas são?
Apenas 100! Logo, garanta já a sua.

E eu tenho que pagar alguma coisa?
Quanta inocência meu caro jovem. O investimento é de 100 reais.

E onde/como/com quem faço minha inscrição?
Você tem 4 opções:

1 - Klaus Schumacher // schumacher_kls@hotmail.com // (47) 9948-4840

2 - Carolini Valle // carolinicristina@gmail.com // (47) 9924-4367
3 - Departamento de Medicina - CENTRO - com Jocilene
4 - Departamento de Medicina - BOM RETIRO - com Rosângela

CRONOGRAMA PREVISTO
SÁBADO
[Manhã]
- Bases da eletrocardiografia
- Frequência
- Ritmo
- Eixo
// intervalo
- Sobrecargas
- Atividade interativa

[Tarde]
- Arritmias
- Atividade interativa 
// intervalo
- Bloqueios
- Atividade interativa

DOMINGO
[Manhã]
- Infarto e isquemia
- Distúrbios do potássio
- Revisão geral


LINKS INTERESSANTES
Video promocional e demonstrativo do curso:
http://www.youtube.com/watch?v=i6hpJ9_Jw9E

Demais informações:

Contamos com sua presença e nos colocamos à disposição para maiores esclarecimentos:

Realização:
Liga Acadêmica de Clínica Médica - UNIVILLE

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Erisipela


Também chamada de “febre de Santo Antônio”, a erisipela é uma infecção de pele causada principalmente pelo Streptococcus pyogenes. Acomete inicialmente a derme superficial e profunda e seus vasos linfáticos, e se superficializa, atingindo também a epiderme. A porta de entrada para a bactéria pode ser úlcera de estase ou lesões micóticas intertriginosas. `

                As características da erisipela, e o que permite o diagnóstico diferencial com outras condições, é a presença de lesões eritematosas e de bordos bem definidos, que podem ser elevados. A lesão é quente e dolorosa, com preferência pela região malar, e pelas faces anterior, medial e lateral da perna. Após 2-3 dias de evolução, podem surgir bolhas flácidas no centro da lesão, que logo se rompem.

                O paciente geralmente é acometido por manifestações sistêmicas, como febre, calafrios, e até mesmo toxemia, necessitando de internação hospitalar. O comprometimento linfático superficial facilita a disseminação lateral da lesão, determinando um aspecto em casca de laranja da região afetada. Como sequela, pode ocorrer linfedema, principalmente se o paciente tiver erisipela de repetição.

                O tratamento deve durar de 10 a 14 dias, e depende da gravidade da infecção. Lesões leves a moderadas podem ser tratadas com Penicilina G Procaina ou Penicilina V por via oral. Casos graves devem ser tratados com Penicilina G Cristalina. Alérgicos a penicilina podem ser tratados com Eritromicina. Para os pacientes que apresentam erisipela de repetição, é necessário realizar profilaxia para evitar sequelas linfáticas. A profilaxia é feita com aplicações de Penicilina G Benzatina 1x ao mês. 


Patrícia Kreling
Acadêmica de Medicina (4° ano)

sábado, 11 de agosto de 2012

Interpretação do LCR

A análise o LCR (líquido cefalorraquidiano) pela punção lombar é crucial para o diagnóstico de infecções, distúrbios dismielinizantes, hemorragias e carcinomatoses meníngeas.

A análise detalhada dos dados obtidos pela punção (contagem de células, proteína, hemácias, glicose, pressão, entre outros) pode direcionar para uma hipótese diagnóstica mais específica e facilitar o tratamento do paciente. A elevação de leucócitos sugere um processo infeccioso; o aumento de PMN (polimorfonuclear) sugere infecção bacteriana, enquanto o aumento de LMN sugere processo viral, fúngico ou imunológico. A contagem de glicose está reduzida em infecções bacterianas e fúngicas e a concentração de proteínas está elevada em diversos distúrbios, incluindo Guillain-Barré.

Testes especializados podem ser efetuados no LCR, incluindo PCR para pesquisa de encefalite por herpes, pesquisa de gram para infecções bacterianas e teste da tinta da China ou Nanquim para pesquisa de Criptococcus.


Ana Paula da Silva Maganhoto
Acadêmica de Medicina (4° ano)


sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Síndrome de Sjögren

        A síndrome de Sjögren é uma doença inflamatória auto-imune que envolve primariamente as glândulas exócrinas, ocorrendo substituição do epitélio funcional por infiltrados linfocíticos. Pode ocorrer em todas as idades – o paciente mais jovem já relatado tinha três anos – mas afeta principalmente mulheres na quarta ou quinta década de vida, existindo uma proporção entre mulheres e homens de 9:1.

        A exocrinopatia se manifesta principalmente por envolvimento ocular e orofaríngeo. A redução da atividade das glândulas lacrimais pode levar à destruição do epitélio conjuntival e a um conjunto de achados clínicos denominado ceratoconjuntivite seca. Sinais e sintomas incluem congestão pericerática, aumento das glândulas lacrimais, prurido, dor e fotossensibilidade. O envolvimento de glândulas salivares ocorre em mais de 60% dos casos de síndrome de Sjögren primária (não associada a outras doenças reumatológicas). A conseqüente xerostomia pode causar queilite angular, cáries dentais, disfagia e pode estar associada a aumento glandular persistente ou episódico. O acometimento de outras glândulas pode causar rouquidão, bronquite recorrente, pneumonite e perda da função exócrina pancreática.

      Manifestações extraglandulares incluem febre baixa, mialgia, artrite, fenômeno de Raynaud, doença pulmonar intersticial, gastrite atrófica crônica, nefrite intersticial, glomerulonefrite, vasculite e doença tireoidiana auto-imune. Pacientes com síndrome de Sjögren primária também têm um risco relativo de desenvolver linfoma 44 vezes superior ao da população sem a doença. Entretanto, certos linfomas podem permanecer localizados por vários anos e regredir espontaneamente.

      O diagnóstico da síndrome de Sjögren pode ser feito através da dosagem de auto-anticorpos anti-Ro/SS-A (mais sensível) e anti-La/SS-B (mais específico), associada à análise dos sinais oculares e orais (por testes como o de Schimmer [para mensuração da atividade das glândulas lacrimais], cintilografia salivar, sialografia) e, se necessário, ao exame histopatológico após biópsia de uma glândula salivar.

Rafael Araujo Iizuka
Acadêmico de Medicina (4° ano)


domingo, 29 de julho de 2012

Dor torácica


                As causas de dor torácica podem estar na própria parede do tórax, nas pleuras, nos pulmões, no coração, no pericárdio, nos vasos, no mediastino, no esôfago, no diafragma e em outros órgãos. A dor precordial ou retroesternal pode ter origem no coração ou na pleura, esôfago, aorta, mediastino, estômago e na própria parede torácica. A dor relacionada ao coração e à aorta compreende a dor da isquemia miocárdica, a dor pericárdica e a dor aórtica. Os brônquios intrapulmonares, o parênquima dos pulmões e as pleuras viscerais são insensíveis à dor.

A localização torácica de dois órgãos vitais - o coração e os pulmões - capazes de produzir dor é a razão de tanta preocupação com a dores torácicas. No coração se originam dores isquêmicas (a angina do peito e a dor do infarto) e nos pulmões se sediam doenças temidas: a [tuberculose] e o [câncer brônquico], que para o leigo enganosamente sempre produziriam dores torácicas.

A dor precordial de origem coronariana ou pericárdica se processa pela estimulação dos nervos (vasa-nervorum) justa-capilares na circulação coronariana com a inflamação química de corrente do transtorno metabólico das fibras cardíacas, ou por inflamação do pericárdio, e o comprometimento dos respectivos nervos que correspondem à C2, C3, C4, C5, C6, e à T2 até T6. As dores, não viscerais, do tegumento por fibrosite local, ou por irradiação das dores cérvico-braquiais ou de "peso" ou "mal-estar"ou "pontadas" precordiais, todas de extensão reduzida de uma ou duas polpas digitais, são dores superficiais, bem localizadas, e pioram com a compressão local ou com os movimentos da nuca, dos ombros, ou dos membros superiores. Tão freqüente quanto essas dores não viscerais são as dores em peso ou mal-estar precordial, geralmente acompanhadas de palpitações e que caracterizam, ao lado da ansiedade e da "crise de angústia", a sua origem exclusivamente psicógena.

A dor de origem isquêmica é devido à hipóxia celular. Toda vez que há desequilíbrio entre a oferta e o consumo de oxigênio, ocorre estimulação das terminações nervosas da adventícia das artérias e do próprio miocárdio por substâncias químicas liberadas durante a contração. A causa mais comum de isquemia miocárdica é a aterosclerose coronária e suas complicações, principalmente espasmo e trombose, assumindo características clínicas especiais na angina do peito e no [infarto do miocárdio]. Outra causa importante é a [estenose aórtica].

Julio Murilo Retzlaff
Acadêmico de Medicina (4° ano)

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Exame Neurológico

Queixas neurológicas ou pacientes que chegam com um rebaixamento do estado de consciência são extremamente comuns na prática médica, por isso é importantes que o clínico esteja familiarizado com as principais técnicas propedêuticas para abordagens desses indivíduos.
O comportamento do paciente durante a anamnese fornece alguns dados para o exame físico, observar a fala, simetria facial, modo de andar e humor são importantes ferramentas diagnósticas. Basicamente o exame neurológico se resume a 6 fases: (1) exame do estado mental; (2) pares cranianos,  (3) motricidade, (4) sensibilidade, (5) coordenação, (6) meningo-radicular.
No exame do estado mental são observadas a consciência, a atenção, a orientação, a linguagem, a memória, o cálculo, a abstração e a capacidade viso-espacial. Deve ser levado em consideração a idade, escolaridade e humor do paciente na hora de se fazer o teste. Primeiramente deve-se registrar o nível de consciência do paciente, anotando o que o ele pode ou não fazer em resposta a determinado estímulo. A escala de Glasgow é bastante útil para avaliação inicial, mas deve-se fazer um exame mais completo após o paciente estável. A consciência é afetada em lesões da formação reticular, lesão bilateral de tálamo ou de hemisfério cerebral. Fatores tóxicos ou metabólicos são causas comuns de rebaixamento de consciência.
                Pode-se testar a atenção vendo se o paciente consegue focar em uma única tarefa como soletrar uma palavra de trás para frente e vice-versa, a falta de atenção é uma anormalidade inespecífica que pode ocorrer em diversas e inespecíficas lesões cerebrais. Na orientação pede-se o nome completo do paciente, local e data. Em pacientes não neurológicos é prática clínica que se documente essa parte do exame com “orientado e lúcido” (LOTE), mas para pacientes com o estado mental comprometido é importante documentar especificamente a questão que lhes foi perguntada e como eles responderam. Essa parte do exame serve para avaliar memória recente e pregressa.
A memória é dividida em recente e remota, na recente apenas pede-se para o paciente repetir três itens ditos para ele previamente após 5 minutos. Durante esse tempo o paciente deve ser distraído. Na história remota perguntam-se fatos pregressos que possam ser confirmados. A dificuldade em falar os itens após 5 minutos significa dano em sistema límbico de memória localizado no lobo temporal médio e diencéfalo medial. A amnésia pode ser anterógrada (dificuldade de lembrar novos fatos após a lesão) ou retrógrada (poupa memória recente, mas o paciente não lembra fatos que ocorreram antes do acidente).
Notar a fluência do paciente é importante para avaliar a linguagem. Note além da dificuldade de discurso se há palavras inapropriadas ou neologismos. Inclui-se nessa parte do exame não apenas se o paciente consegue falar, mas se ele também consegue compreender e obedecer a comandos. Nomear objetos, repetir sentenças e se consegue ler algumas palavras. Anormalidades de linguagem normalmente advêm do lobo frontal (área de Broca) ou lobos parietal e temporal (Área de Wernicke).
Dificuldade em cálculos, confusão com sentido direita-esquerda, agnosia (não reconhece objetos) e agrafia, sem qualquer outra lesão, indica síndrome de Gerstmann, e ocorre devido à lesão no lobo parietal dominante. Apraxia (inabilidade de seguir comando motor que não é devido a déficit motor primário ou dificuldade de linguagem). Pede-se para o paciente cumprir uma tarefa ‘Finja pentear o cabelo’, pacientes não conseguem entender e realizam um movimento que dificilmente lembram o da tarefa pedida, mas a compreensão é normal assim como o exame motor. A localização da lesão pode ser diversa.
Alguns reflexos primários podem retornar devido a lesões no lobo frontal, principalmente o reflexo de apreensão. Ocorre também dificuldade de mudar de uma tarefa para a próxima quando são pedidos para realizar tarefas de repetição e sequência (ex : Desenhar vários triângulos e quadrados alternadamente), esse fenômeno se chama perserveração. Impersistência motora é comum, é uma forma de distrabilidade onde o paciente realiza uma tarefa apenas por poucos segundos e logo a cessa. A lesão do lobo frontal também leva a mudança de personalidade e julgamento.
Lógica e abstração são testadas oferecendo ao paciente alguns enigmas a serem resolvidos ou na forma como eles interpretam provérbios. Lesões que se manifestam dessa forma são variadas, geralmente em áreas de associação. Alucinações, idéias fixas devem ser questionadas, pois são comuns em intoxicações metabólicas e desordens psiquiátricas. Por fim o humor é essencial no exame do estado mental, o paciente parece deprimido ? Ansioso ? Em mania ? Serve para avaliar desordens psiquiátricas envolvidas além das neurológicas.
Após o exame do estado mental, deve-se testar todos os pares cranianos, fazer o exame motor (fasciculaçoes, atrofias, tônus, velocidade dos movimentos, sinais de lesões de neuronio motor superior ou inferior e graduação de força). É possível se testar a inervação de cada músculo com testes específicos diversos.
Deve-se testar então reflexos dos tendões profundos (biciptal, braquioradial, tríceps, patelar, aquileu e tendíneo) e graduá-los. Resposta plantar (Babinski).
Por fim, testa-se a sensibilidade do paciente em membros, face e tronco, o paciente deve manter os olhos fechados.

Graduação da Força muscular:
  • 0/5: Sem contração
  • 1/5: tremores, mas sem movimento.
  • 2/5: Movimentos, sem a gravidade
  • 3/5:  Movimentos possíveis contra a gravidade, mas não contra resistência
  • 4/5: Movimento possivel contra resistência, mas existe fraqueza.
  • 5/5: Força normal.

Graduação do Reflexo:
  • 0: Reflexo ausente
  • 1+: Apenas um traço do reflexo
  • 2+: Normal
  • 3+: Aumentado
  • 4+: Clonus não mantido (movimento vibratório repetido)
  • 5+: Clônus mantido

Vinícius Augusto Troian Schoepping
Acadêmico de Medicina (4° ano)

sábado, 9 de junho de 2012

Classificação de Killip

A classificação de Killip (ou Killip-Kimball) é um sistema de pontuação que desempenhou papel fundamental na cardiologia há mais de três décadas. Durante o período de evolução do IAM, a migração dos portadores de uma classe mais baixa para uma mais alta está associada independentemente com elevação da mortalidade em muitos estudos, enquanto que os que evoluem com uma baixa pontuação têm uma menor probabilidade de morrer dentro dos primeiros 30 dias. Os pacientes são assim classificados:

§  Classe I – Sem evidência de insuficiência cardíaca.
§  Classe II – Achados consistentes com insuficiência cardíaca leve a moderada (B3, estertores crepitantes em menos da metade dos campos pulmonares ou distensão venosa jugular).
§  Classe III – Edema pulmonar.
§  Classe IV – Choque cardiogênico.

A classe I apresenta mortalidade de 6%; classe II de 17%; classe III de 38%; e a IV de 81%.

Gibran da Costa Reis
Acadêmico de Medicina (4° ano)

domingo, 3 de junho de 2012

Síndrome de Kleine-Levin


              O diagnóstico da síndrome de Kleine-Levin é clinico e se baseia na tríade: hipersônia (diurna e noturna), hiperfagia e hipersexualidade. Caracterizada por ser uma perturbação crônica (com duração variável em torno de 8 anos), paroxística (com períodos críticos de "ataques", que persistem por cerca de 10 dias e que recorrem três a quatro vezes por ano) , sendo bastante incapacitante (tanto para as tarefas intelectuais quanto para a vida profissional e social). Mais frequente entre homens, mas estudos apontem 21% de mulheres acometidas. Há divergências quanto à idade em que geralmente ocorre o primeiro episódio: alguns trabalhos mencionam primeiro episódio na adolescência como típico, outros o primeiro episódio na segunda década. Etiologia  desconhecida, mas suspeita-se que seja uma doença auto-imune desencadeada por vírus, vez que a maioria dos casos inicia após uma infecção viral (influenza, síndrome gripal).


Karini Yumi Oizumi Okabe
Acadêmica de Medicina (4° ano)

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Bexiga Neurogênica


A bexiga neurogênica pode ser decorrente de uma doença, lesão ou defeito congênito que afeta o cérebro, a medula espinhal, os nervos que se dirigem à bexiga e ao esfíncter ureteral. É considerada uma disfunção miccional e tem como principais causas: AVC, esclerose múltipla, trauma raquimedular sacral e  neuropatia periférica. Normalmente, as manifestações clínicas apresentada são: incontinência urinaria, hidronefrose, refluxo VU, ITU, cálculo, insuficiência renal.

Quando o músculo detrusor, que é o músculo liso da parede da bexiga urinária, estiver relaxado e o esfíncter ureteral estiver contraído, a bexiga irá armazenar a urina, em volumes crescente com baixa pressão. Quando esse músculo se contrai juntamente com o relaxamento do esfíncter tem-se o esvaziamento dessa bexiga.

A bexiga neurôgenia se manifesta de 3 maneiras diferentes:

1. Hiperatividade detrusora à detrusor contraído
2. Arreflexia detrusora à detrusor relaxado
3. Dissinergia vésico-esfincteriana à esfíncter e detrusor contraídos simultaneamente

O nosso organismo possui 3 alças neurológicas e qualquer lesão nessas alças poderá causa  essa disfunção miccional.
                                     
ALÇA I - controle cortical da micção
                      ALÇA II - sinergismo vésico-esfincteriano
ALÇA III - centro sacral da micção e bexiga 

A investigação da bexiga neurogênica deve ser feita através de um estudo urodinâmico. Como exame complementar deve-se pedir uma urocultura para se conhecer a flora do paciente e caso este seja sintomático direcionar o devido tratamento. A dosagem da creatinina e USG do aparelho urinário também podem ser solicitados para auxiliar no diagnóstico. 

Com relação ao tratamento, se houver uma situação de Hiperatividade Detrusora pode-se usar um Anticolinérgico, uma Toxina Botulínica ou optar por uma Enterocistoplastia para uma ampliação vesical. A Toxina Botulínica é aplicada na musculatura da bexiga e irá inibir a liberação da acetilcolina na fenda sináptica. Já quando se trata de uma Hiperatividade Detrusora associada com uma Dissinergia Vésico-esfincteriana usa-se como tratamento, além do já citado, algo que auxiliará no esvaziamento vesical,  que pode ser por cateterismo ou sonda. Em casos de Arreflexia Detrusora faz-se a opção é um esvaziamento vesical. 

Jamille Crestani Lunkes
Acadêmica de Medicina (4° ano)

sábado, 5 de maio de 2012

Método de abordagem do Sangramento Gastrintestinal

          Os primeiros passos a serem dados na investigação do sangramento gastrintestinal são aqueles que mitigam o grande risco dos pacientes graves. Isto é feito através de 3 conclusões que devem ser preliminarmente conseguidas:

# O paciente perdeu um grande volume de sangue?
# Determinar se o paciente está em franco acontecimento ou já cessou.
# Definir se o sangramento é alto ou baixo*.

          Esclarecido isto e, aliado da aferência dos sinais vitais (quando necessários), pode-se colocar o paciente sob reestabelecimento volêmico. Este ato é de extrema importância nos pacientes com sangramento maciço, estado que é inferido a partir de PAS (em pé) <100 mmHg e taquisfigmia (>100 bpm) – para perdas estimadas >20% - e hipotensão postural para perdas estimadas entre 10-20%.

          A definição de sangramento alto ou baixo é geralmente feita através de alguns detalhes da história: presença ou não de hematoquezia,  de melena ou hematêmese. Esta definição estanque incorre em engano que pode desvirtuar todo o processo de raciocínio diagnóstico. Três importantes considerações devem balisar o raciocínio e prevenir erros:

1. A melena também pode estar presente no SG baixo.
2. Hematoquezia geralmente indica SG baixo, porém, em 10% dos casos o sangramento pode ser alto.
3. A ausência de hematêmese não excluí SG alto.
          
       Após este atendimento primário, tem-se tempo para considerar mais detalhes da história e avaliar fenótipos agravantes ao paciente. Alguns pontos-chave de grande valor semiológico-propedêutico na história são:

# Medicamentos: uso de aspirina, outros AINES, anticoagulantes, inibidores da bomba de prótons.
# Alcoolismo.
# Doença cardiovascular.
# Doença hepática crônica.
# História de emagrecimento.
Dispepsia?
# Disfagia?
# Dor abdominal?

          O seguimento deste método de abordagem sugere um bloco diagnóstico e facilita a investigação posterior. Depois da coleta de informações, indica-se (em boa parte dos casos) endoscopia para maior elucidação e/ou tratamento.

* O ponto de corte para definição de sangramento alto ou baixo é o Ligamento de Treitz.


Klaus Schumacher
Acadêmico de Medicina (4° ano)