A Dengue é uma
doença infecciosa febril aguda de etiologia viral e que tem como agente
etiológico um arbovírus da família Flaviviridae. É endêmica em algumas regiões
tropicais, e na maioria dos casos é de curso benigno. Porém, pode evoluir com
complicações e produzir formas graves como Febre hemorrágica da Dengue (FHD) e
Síndrome do Choque da Dengue (SCD). Estima-se que ocorram cerca de 100 milhões
de casos de dengue clássica e, aproximadamente, 500.000 casos de FHD por ano.
A
transmissão é feita através do mosquito vetor: Aedes aegypti. O ciclo de transmissão do vírus da dengue é
antroponótico, onde a transmissão acontece de um ser humano para outros através
do vetor, sem a necessidade de um reservatório não humano envolvido. Em áreas
tropicais, a transmissão acontece durante todo o ano e te aumento dos casos nos
meses chuvosos.
A
epidemia da dengue tem se tornado mais frequente e ampla está intimamente
ligada à expansão das cidades, cujo crescimento desordenado e a aglomeração de
pessoas favorecem os hábitos do vetor, que é muito adaptável ao ambiente urbano
e tem grande capacidade de se reproduzir em meios artificiais (vasilhame,
potinhos, garrafas e pneus que contenham água limpa e parada). Quando a fêmea
do mosquito se alimenta de sangue de um indivíduo em fase virêmica, torna-se
infectada e começa uma multiplicação viral dentro do vetor.
Existem
4 sorotipos virias: DENV-1 até DENV-4. A infecção promove imunidade permanente
sorotipo-específica e imunidade cruzada temporária para os demais sorotipos.
Assim, a amplificação da resposta inflamatória durante o 2º episódio de dengue,
em virtude da presença de imunidade de memória, exarceba os mecanismos
fisiopatológicos da doença, o que culmina com manifestações clínicas mais
graves.
Com
relação á fisiopatogenia da doença tem-se que após a picada por um mosquito
infectado, o vírus se aloja e replica nos linfonodos regionais por 2 a 3 dias,
disseminando-se por via hematogênica para outros tecidos, infectando
macrófagos, monócitos, linfócitos B e T. A resposta inflamatória sistêmica
resulta em lesão endotelial difusa e conseqüente aumento da permeabilidade
vascular, que acaba produzindo derrames cavitários e hipoalbuminemia. Além
disso, há estimulo à agregação plaquetária e seu seqüestro periférico, o que
culmina em plaquetopenia. A liberação maciça de citocinas durante a resposta
inflamatória sistêmica resulta em mal-estar e na fadiga. E o exantema
caracteriza-se por vasculite desencadeada pela presença do vírus, além da
vasodilatação imunomediada. Como o vírus tem tropismo pelo fígado, pode-se
haver elevação das transaminases.
Dengue
Clássica, a forma clínica mais comum, é benigna e autolimitada e carcteriza-se
por febre, cefaléia principalmente retro-ocular, mialgia frequentemente lombar,
artralgia de grandes articulações, exantema macular, náuseas e vômitos. Deve-se
ficar alerta para manifestações hemorrágicas (petéquias, gengivorravias,
epistaxe, hematêmese, melena e metroragia, pois pode-se estar evoluindo para
uma consição desfavorável como uma FHD.
Deve-se
considerar caso suspeito de dengue um paciente que apresente febre com evolução
de 2 a 7 dias, associada a pelo menos 2 dos sintomas relacionados , em área e
momento epidemiológico compatíveis com dengue. Para diagnóstico de FHD devem
estar presentes 4 critérios: febre de até 7 dias; plaquetopenia < 100.000;
presença de manifestações hemorrágicas; sinal de extravasamento de plasma (
aumento de 20% do hematócrito em relação ao inicial ou queda de 20% após
expansão com cristalóide, e/ou derrame cavitário.
Com
relação a avaliação clínica deve-se solicitar hemograma em todos os indivíduos
com suspeita de dengue, que na maioria
dos casos apresentará leucopenia e plaquetopenia. A dosagem de albumina
é útil para determinar a presença de extravasamento de plasma, ocorrendo
hipoalbuminemia. As transaminases elevem-se de discreta a moderadamente. Em
casos mais graves, que apresentem sinais clínicos sugestivos de hipovolemia e hipoperfusão
periféica, a função renal (uréia e creatinina) e a gasometria venosa devem ser
solicitadas para identificação de insuficiência renal, acidose metabólica. O
diagnóstico específico é obtido com técnicas de biologia molecular e de sorologia.
Nos primeiros 2 dias de infecção a confirmação é possível apenas por detecção
do RNA viral no sangue através de PCR. A partir do início dos sintomas e até o
3º dia deste início pode-se fazer o teste rápido para dengue. A coleta de amostra para a sorologia deve ser
feita a partir do 7º dia para a detecção de imunoglobulinas de classe IgM
específicas contra o vírus as dengue por ELISA.
Não
há terapia antiviral específica, então o tratamento consiste em sintomáticos,
hidratação vigorosa e repouso.
Jamille Lunkes
Acadêmica de Medicina (5° ano)