O carbamato
popularmente conhecido como “chumbinho” é um veneno agrícola usado ilegalmente
como um raticida (ANVISA). Este pesticida age inibindo a ação da enzima
acetilcolinesterase, responsável pela degradação da acetilcolina, presente nas
fendas sinápticas do sistema nervoso autônomo, do sistema nervoso central e da
junção neuromuscular. A acetilcolina ativa principalmente dois tipos de
receptores: os nicotínicos encontrados na placa motora, sistema nervoso central
(medula) e nos neurônios pós-ganglionares do sistema nervoso autônomo; e os
muscarínicos encontrados no sistema nervoso central (encéfalo) e nos neurônios
pós-ganglionares do sistema nervoso autônomo. O carbamato se liga de forma
muito mais estável à acetilcolinesterase quando comparado com a acetilcolina. A
ligação se desfaz de minutos a horas, e a enzima é regenerada em 24-48 horas.
O tempo de
instalação do quadro clínico pode variar de minutos até horas. No exame físico,
os sinais e sintomas são variados e secundários ao excesso de acetilcolina em
um determinado sítio. Os efeitos muscarínicos são salivação excessiva,
lacrimejamento, liberação de esfínceter vesical, diarréia, vômitos,
broncoconstrição e broncorréia e aumento do tônus vagal cardíaco (lentificação
da condução nos nós SA e AV). Os efeitos nicotínicos são fasciculações,
câimbras e fraqueza muscular (inclusive dos músculos respiratórios),
hipertensão, taquicardia, dilatação pupilar e palidez cutânea. Além disso, os
pacientes podem apresentar inquietação, labilidade emocional, cefaléia, tremores,
sonolência, confusão, ataxia, psicose, convulsões e coma. O óbito é
conseqüência, geralmente, de depressão respiratória associada a hipersercreção
traqueobrônquica. A dose por via oral mais alta em humanos sem sintomas é de
0,05 mg/kg, na dose de 0,26 mg/kg há intoxicação aguda e há necessidade de
tratamento.
Neste tipo de
intoxicação, a dosagem da acetilcolinestarase é importante, mas não são os seus
níveis de devem ser utilizados como parâmetro no tratamento, e sim, as
manifestações clínicas do doente.
Tamara Caetano
Acadêmica de Medicina (5° ano)
Tamara, há pessoas que dizem que o veneno que mata é aquele administrado em dose pequena! Mas eu vejo isto como mito, pois se uma pessoa tomar 100 mlg de chumbinho, o efeito não será tão devastador quanto se ele ingerisse uma dose de 50 gramas! Ou estou enganado?
ResponderExcluirdepende do ''índice terapêutico'' da droga, ou seja, da dose mínima a ponto de provocar letalidade. Por exemplo, 1ml do farmaco A não causa toxicicidade, muito menos letalidade. Já 1ml do fármaco B é letal (mata o paciente). O que quero dizer é: O pessoal fala que veneno que mata é aquele administrado em dose pequena pois caso venha a acontecer um erro na dosagem do farmaco A e o fármaco B, a overdose do fármaco B é muito mais provável de matar o paciente que uma overdose do fármaco A.
Excluir