domingo, 10 de março de 2013

Intoxicação exógena por Carbamato


O carbamato popularmente conhecido como “chumbinho” é um veneno agrícola usado ilegalmente como um raticida (ANVISA). Este pesticida age inibindo a ação da enzima acetilcolinesterase, responsável pela degradação da acetilcolina, presente nas fendas sinápticas do sistema nervoso autônomo, do sistema nervoso central e da junção neuromuscular. A acetilcolina ativa principalmente dois tipos de receptores: os nicotínicos encontrados na placa motora, sistema nervoso central (medula) e nos neurônios pós-ganglionares do sistema nervoso autônomo; e os muscarínicos encontrados no sistema nervoso central (encéfalo) e nos neurônios pós-ganglionares do sistema nervoso autônomo. O carbamato se liga de forma muito mais estável à acetilcolinesterase quando comparado com a acetilcolina. A ligação se desfaz de minutos a horas, e a enzima é regenerada em 24-48 horas.

O tempo de instalação do quadro clínico pode variar de minutos até horas. No exame físico, os sinais e sintomas são variados e secundários ao excesso de acetilcolina em um determinado sítio. Os efeitos muscarínicos são salivação excessiva, lacrimejamento, liberação de esfínceter vesical, diarréia, vômitos, broncoconstrição e broncorréia e aumento do tônus vagal cardíaco (lentificação da condução nos nós SA e AV). Os efeitos nicotínicos são fasciculações, câimbras e fraqueza muscular (inclusive dos músculos respiratórios), hipertensão, taquicardia, dilatação pupilar e palidez cutânea. Além disso, os pacientes podem apresentar inquietação, labilidade emocional, cefaléia, tremores, sonolência, confusão, ataxia, psicose, convulsões e coma. O óbito é conseqüência, geralmente, de depressão respiratória associada a hipersercreção traqueobrônquica. A dose por via oral mais alta em humanos sem sintomas é de 0,05 mg/kg, na dose de 0,26 mg/kg há intoxicação aguda e há necessidade de tratamento.

Neste tipo de intoxicação, a dosagem da acetilcolinestarase é importante, mas não são os seus níveis de devem ser utilizados como parâmetro no tratamento, e sim, as manifestações clínicas do doente.

                O tratamento proposto é com um antagonista competitivo da acetilcolina, a atropina, em uma dose de 1-2 mg por via endovenosa ou intramuscular, e está pode ser repetida em 5-10 minutos ou em infusão contínua de acordo com o quadro clínico.


Tamara Caetano
Acadêmica de Medicina (5° ano)

2 comentários:

  1. Tamara, há pessoas que dizem que o veneno que mata é aquele administrado em dose pequena! Mas eu vejo isto como mito, pois se uma pessoa tomar 100 mlg de chumbinho, o efeito não será tão devastador quanto se ele ingerisse uma dose de 50 gramas! Ou estou enganado?

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    1. depende do ''índice terapêutico'' da droga, ou seja, da dose mínima a ponto de provocar letalidade. Por exemplo, 1ml do farmaco A não causa toxicicidade, muito menos letalidade. Já 1ml do fármaco B é letal (mata o paciente). O que quero dizer é: O pessoal fala que veneno que mata é aquele administrado em dose pequena pois caso venha a acontecer um erro na dosagem do farmaco A e o fármaco B, a overdose do fármaco B é muito mais provável de matar o paciente que uma overdose do fármaco A.

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